sábado, 12 de janeiro de 2013

Sempre

Não desesperes se, num trágico dia, esse amado filho,
que trouxeste ao mundo, deixou a estrada da vida e
partiu para aquele espaço que acreditas
que seja de tranquilidade infinita.
Seca as lágrimas de angústia e vive aguardando
com serenidade que a tua caminhada chegue ao fim.
És mãe para todo o sempre.
Sempre uma palavra, neste contexto, cheia de Esperança,
o significado de crer que os momentos mágicos de partilha
com esse filho não morreram.
A alma ficou magoada mas aberta ao sonho de continuares a viver trazendo bem vivo dentro de ti esse filho que foi uma realidade.
É bom acreditar que no dia em que a tua viagem tiver o seu termo, chegarás à sua beira,
e manterás com ele um diálogo de amor infinito.
Por isso, esforça-te para que a nostalgia não se abrigue em ti e faça da tua pessoa um ser doente, demasiado só e triste.
Contempla o céu, as estrelas e toda a magnificência do mundo
que nos abriga, debruça-te sobre aqueles que nada possuem e
sê atenta. Aos que te quiserem escutar fala-lhes das tuas experiências de vida, das tuas memórias. Conta às crianças,
que por ironia do destino se cruzam contigo,
histórias do teu imaginário de criança e com elas partilha a alegria de estares viva porque assim serás de novo mãe.
Estás a contribuir para um mundo mais humano, estás a ofertar,
ou seja, a transformar o teu desgosto em algo muito belo que
no momento certo relembrarás junto desse filho que partiu.
É bom acreditar que um dia te juntarás a ele e
falarão das coisas bonitas do mundo dos homens.
Sentiste, tanto como eu,
que naquele dia em que o teu filho de ouro partiu,
as sombras caíram sobre ti e um desejo intenso de te juntares a ele obcecou-te. Não é possível, nem humano partir quando se quer mas sim quando a nossa história chega ao fim. E, se num momento de loucura o fizermos antes, estaremos a desejar esquecer de uma maneira egoísta a própria essência da nossa vida em relação aos outros.
Sabes mãe, o tempo é curto, e por isso, tens de caminhar, dar a volta ao teu mundo, viver a tua missão de Vida, a partir do momento em que nasceste, sem o pedir, até ao ponto de retorno que não será o Nada mas sim aquilo em que acreditares.
Tenta renovar as tuas forças, a tua determinação e
acredita que apesar da distância, da fragilidade que sentes,
dessa incerteza em que o teu coração se encontra,
o teu filho está incondicionalmente contigo para todo o sempre. Escuta-o e olha para o exterior e respira. Renova-te e responde-lhe dizendo que não interessam as barreiras físicas porque estão juntos para partilharem diferentes claridades.
Murmura, fala ou grita junto ao mar ou à montanha, que queres a sua felicidade, e que apesar desta inevitável ausência, tudo está presente, porque o amor é de tal intensidade que ficarás à espera que tudo um dia se transforme e te demonstre o seu significado.
Eu para sobreviver brinco com as palavras e com elas faço versos, faço narrativas que me trazem as lembranças escondidas fazendo-me rir ou chorar. Fico feliz ao passar para o papel pedaços do meu caminho que se cruzam com outros caminhos que eu procuro ou que se me apresentam. O que desejo verdadeiramente é que te lembres que eu te convido a fazeres da tua vida, momento a momento, um desafio, partilhado com os vivos e os mortos que estão no teu coração.
(Aida Nuno)
 

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