sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Esperança

Que o coração se aquiete, que o sorriso transborde paz,
que o abraço cure os medos.
Que as palavras sejam ditas com cuidado,
que os sonhos sejam molas para que a gente se permita.

Que não tenhamos medo de virar a página,
que não tenhamos pressa de escrever a história.
Que saibamos dançar no ritmo do nosso coração e
que a felicidade se inunde em pingos de esperança.

(Marcely P. Gastaldi)
 
 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Vida

"A vida é fruto da decisão de cada momento.
Talvez seja por isso, que a ideia de plantio
seja tão reveladora sobre a arte de viver.

Viver é plantar.
É atitude de constante semeadura,
de deixar cair na terra de nossa existência
as mais diversas formas de sementes..."

(Fábio de Melo)
 
 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Auxílio Mútuo

Em zona montanhosa, através de região deserta, caminhavam dois velhos amigos, ambos enfermos, cada qual a defender-se, quanto possível, contra os golpes do ar gelado, quando foram surpreendidos por uma criança semimorta, na estrada, ao sabor da ventania de inverno. Um deles fixou o singular achado e exclamou, irritadiço:
- Não perderei tempo. A hora exige cuidado para comigo mesmo. Sigamos à frente.
O outro, porém, mais piedoso, considerou:
- Amigo, salvemos o pequenino. É nosso irmão em humanidade.
- Não posso, - disse o companheiro, endurecido -, sinto-me cansado e doente. Este desconhecido seria um peso insuportável. Temos frio e tempestade. Precisamos chegar à aldeia próxima sem perda de minutos.
E avançou para diante em largas passadas.
O viajante de bom sentimento, contudo, inclinou-se para o menino estendido, demorou-se alguns minutos colando-o paternalmente ao próprio peito e, aconchegando-o ainda mais, marchou adiante, embora menos rápido.
A chuva gelada caiu, metódica, pela noite adentro, mas ele, amparando o valioso fardo, depois de muito tempo atingiu a hospedaria do povoado que buscava.
Com enorme surpresa porém, não encontrou aí o colega que havia seguido à frente.
Somente no dia imediato, depois de minuciosa procura, foi o infeliz viajante encontrado sem vida, numa vala do caminho alagado.
Seguindo à pressa e a sós, com a ideia egoísta de preservar-se, não resistiu à onda de frio que se fizera violenta e tombou encharcado, sem recursos com que pudesse fazer face ao congelamento.
Enquanto que o companheiro, recebendo, em troca, o suave calor da criança que sustentava junto do próprio coração, superou os obstáculos da noite frígida, salvando-se de semelhante desastre.


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Depoimento de Cissa Guimarães sobre a perda do seu filho:

É uma dor insuperável. Não se supera a perda de um filho nunca! Estou atada, aleijada e vou morrer assim. Estou aprendendo a viver com uma muleta no meu coração", destaca.

- Essa [dor] não tem explicação e não quero que ninguém tente sentir. É horrível, mas o aprendizado é tentar transformar isso. Eu me transformei em uma pessoa melhor, ver que eu dava valor e perdia meu tempo com coisas irrisórias. Talvez eu gargalhasse demais e tenha agora que prestar a atenção em outras coisas. Só sei que a passagem do meu filho só aconteceu para eu melhorar e eu vou melhorar. Como? Eu não sei.

Cissa contou ainda que faz “terapia de luto” para superar a perda.
- Aprendi a terapia do luto, que faz com que você aprenda a lidar com coisas pontuais. Não é um dia após o outro, e sim um minuto após o outro... Eu estou com uma hemorragia por dentro, uma dor absurda.

- O que eu posso dizer é que a gente tem que transformar. O único sentido que uma dor dessas tem é o de transformação. Usar isso para melhorar você com os outros, rever os seus valores e renascer. Eu nunca mais serei aquela Cissa. Eu só preciso de um tempo porque ainda estou no CTI e vou sair uma pessoa muito melhor.

A atriz ainda revelou que trabalha dentro dela o sentimento pelo rapaz que matou seu filho.
- Não vou levantar nenhuma bandeira e estou trabalhando o sentimento que tenho em relação ao rapaz que atropelou o Rafa. Eu tenho pena dele e da família. Mas que isso sirva para que a gente tenha consciência e aprenda a educar os nossos filhos. Pelo menos isso está servindo de alerta para muitos pais.
 
"É exatamente uma ferida. É uma dor. E quando muda a estação dói mais, dá mais crises de choro em algumas datas. Agora, por exemplo, está chegando o meu aniversário. É uma coisa que me dá uma certa angústia, é o primeiro aniversário que ele não vai estar", lembra Cissa, caindo no choro.
 

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Apenas comece...

Comece fazendo o que é necessário,
depois o que é possível,
e de repente você estará fazendo o impossível.

 (São Francisco de Assis)
 
 

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Aprender sempre!

Ter a mente aberta é não ter conceito estabelecido.
É estar disposto a aprender mesmo quando envolva mudança de pensamento.
E como disse Leonardo da Vinci:
"aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa,
nunca tem medo e nunca se arrepende."
 
 
 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Calar...


Calar sobre sua própria pessoa, é humildade.
Calar sobre os defeitos dos outros , é caridade
Calar quando a gente está sofrendo, é heroísmo.
 Calar diante do sofrimento alheio, é covardia.
Calar diante da injustiça, é fraqueza.
Calar quando o outro está falando, é delicadeza.
Calar quando o outro esp
era um palavra, é omissão.
Calar e não falar palavras inúteis, é penitência.
Calar quando não há necessidade de falar, é prudência.
Calar quando Deus nos fala no coração, é silêncio.
Calar, diante do mistério que não entendemos, é sabedoria.

 
 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Santo Agostinho

“Ama e faz o que quiseres.
Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor;
se corrigires, corrigirás com amor;
se perdoares, perdoarás com amor.
Se tiveres o amor enraizado em ti,
nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.”
 

 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"Pior dia da minha vida" - depoimento de Bruno Gouveia (Banda Biquini Cavadão)



Queria começar agradecendo a todos pela solidariedade, pelas mensagens de carinho, força, amor, fé, esperança por dias melhores. Em especial, meus familiares e toda equipe de minha banda, o Biquini Cavadão. Meu irmão Fábio e meu amigo Antônio Bindi conseguiram me isolar enquanto eu estava nos Estados Unidos para compor músicas pro novo disco. Sem celular e acesso a internet, não soube do ocorrido. Tinha acabado de chegar de Los Angeles em Nova Iorque. Eu e Coelho pegamos vôos diferentes e nos encontramos no aeroporto.

Era para ficarmos três dias na cidade compondo com uma artista neozelandeza. Entretanto, ao encontrar meu guitarrista ele me avisou que tínhamos de voltar para “fazer um show muito importante”. Era cedo em Nova Iorque e passamos o nosso único dia na cidade perambulando pelas ruas até a hora de voltar para o aeroporto. Foi fundamental o seu cuidado comigo, me isolando de possíveis brasileiros que pudessem me dar a trágica notícia. Até no aeroporto, ele conseguiu que eu ficasse em uma sala VIP sem que eu desconfiasse de nada. Ao mesmo tempo, minha namorada Izabella me ocupava o tempo todo, distraindo-me com intermináveis ligações. Ela, cantora da banda Menina do Céu, enviou uma substituta para seus shows e ficou falando sem parar comigo, me distraindo carinhosamente. Por vezes, eu dizia que estava cansado de falar e queria aproveitar a cidade. Ela então enviava mensagens de texto para Coelho: “Ele cansou, agora, segure as pontas!”. E assim, longas horas se passaram até que o avião finalmente decolasse com destino ao Rio.

Ao chegar, fui recepcionado por uma delegação que cuidou de acelerar os tramites com imigração e alfândega (agradeço ao Governador Sergio Cabral por todo este cuidado). Nem assim, desconfiei. Pensava apenas “Nossa, este show deve ser importante mesmo!”. Para evitar sair pela porta principal, onde jornalistas nos aguardavam, me fizeram passar por trás, saindo pelo desembarque doméstico, onde fui recebido pelo meu produtor. Ele me recebeu correndo e me disse para entrar numa sala. Achei que, pela pressa toda em me retirar do local, eu devesse entrar num taxi ou ônibus para o local do show. Ouvi apenas, você tem que dar uma entrevista para a TV Globo. E foi então que notei, ao entrar na sala, que não havia show algum para ser feito, muito menos entrevista.

O primeiro que vi foi Miguel, tecladista do Biquini, mas logo estranhei a presença de Izabella. Numa rápida passada de olhos, notei que meus familiares estavam ali. Todos, menos meu pai.
- Eu já sei porque estou aqui. – tentei adivinhar
- Você sabe? – perguntou minha mãe, chorando
- Bruno, sente-se por favor – pedia meu irmão
- Meu pai… – balbuciei
- Ele está bem, Bruno, seu pai está bem. – alguém que não me lembro, me avisou
 
Meu irmão insistiu para que eu sentasse enquanto começava a me dizer que uma imensa tragédia havia se abatido sobre nós.
- Gabriel? – temi acertar.

Então, meu irmão respirou fundo e me contou que Gabriel e a minha ex-mulher Fernanda haviam morrido num desastre de helicóptero em Trancoso. A irmã de Fernanda, Jordana, e seu filho Lucas, também pereceram. Me contou tudo que houve, que Fernanda ainda chegou com vida à praia mas faleceu no hospital.

- Eu não estou ouvindo isso – repetia
E os detalhes eram falados como um esparadrapo arrancado da pele: rapidamente e com muita dor.
- Meu anjinho... – eu só conseguia dizer isso
E neste momento, Miguel, Birita, minha mãe, Izabella, todos me abraçaram e choraram muito. Eu continuava com os olhos arregalados em total choque. Magal, baixista, não parava de soluçar. Minha tia avó estava inconsolável. Cada um ali sofria minha dor que estava apenas começando.
 
Com a fala ofegante, eu recusei os remédios, queria ter consciência dos meus atos, e apenas pedi: por favor, me levem a eles. Uma van nos esperava e fomos direto ao Cemitério São João Baptista. Fernanda e Gabriel seriam sepultados juntos no jazigo da minha família.

Permaneci em total estado de choque. Pessoas me cumprimentavam. Colegas de estrada, amigos de longa data, diversos parentes. Minha prima Regina Casé me consolava, mas não era capaz de assimilar o que ela dizia. Sheik, da primeira formação da banda, com quem não falava há muitos anos, se reencontrou comigo. Jornalistas, músicos, primos que vieram de outras cidades, além da sofrida família de minha ex-mulher velavam os dois caixões. Não podia abri-los. No topo, apenas as fotos dos dois. O dia estava bonito e tudo parecia uma cidade cenográfica. Eu certamente acordaria deste sonho, acreditava. Em vão. A coroa de flores do Biquini dizia “Hang on, Be Strong”. Que ironia! Eram os versos de uma música em inglês que fizemos com a cantora Beth Hart em Los Angeles que diziam
 
Hang on, be strong/ sometimes life can slip away/
Segure firme, seja forte / Às vezes, a vida pode te escapar
 
Sem saber, havia composto nesta viagem a letra da música para me amparar!
 
Gabriel viveu 2 anos e dez meses. Tive a felicidade e honra de ser mais que um pai. Eu me apelidava de “pãe”. Logo que ele nasceu, pedi à mãe que, uma vez que a amamentação era um privilégio dela, que o banho dele fosse o meu. E todos os dias eu o banhava, trocava suas fraldas, ninava e o colocava para dormir. Viajava muito mas, em seguida, pegava o primeiro voo para vê-lo acordar e poder passear na pracinha. Eu era o único homem em meio a tantas mães e babás. Tive noites mal dormidas, traduzi-lhe com beijos o que diziam as palavras. Igualmente era o único pai nas aulas de natação para bebês. Participei de cada momento de sua vida com um mergulho intenso e de cabeça.
Fernanda foi minha mulher e companheira por dez anos, convivendo numa querida família. Em 2007, decidimos ter nosso filho e ele nasceu no dia dos pais – o maior presente que poderia receber. Por sorte ou coincidência, não tive show no dia e pude vê-lo nascer. Infelizmente, nosso relacionamento passou por crises que culminaram com nosso afastamento como casal. Divórcios sempre são estressantes mas acreditava que o tempo curaria as feridas e seríamos bons amigos.
Nós dois éramos muito ligados ao Gabriel e eu era um pai coruja que beirava o chato. Meu único assunto era ele. Os fãs se deliciavam, enquanto eu mostrava fotos mais recentes. Também fiz vários videoclipes e, junto com minha ex-mulher, postamos tudo no bloghttp://mimevoce.blogspot.com contando desde a gestação, passando pelo nascimento e por todos os detalhes do seu dia a

Perdi duas pessoas que marcaram minha vida. E quando o padre perguntou no velório se alguém queria dizer algo, eu levantei o braço. Tirei todas as forças de dentro de mim e cantei:
 
Tudo que viceja, também pode agonizar… e perder seu brilho em poucas semanas…

E não podemos evitar que a vida / trabalhe com o seu relógio invisível/ tirando o tempo de tudo que é perecível
 
Entre soluços e lágrimas, muitos presentes me acompanharam ao som de Impossível, sucesso do Biquíni Cavadão.

O detalhe é que cantei “é impossível esquecer vocês”
Ao enterra-los, veio então a difícil tarefa de voltar pra casa e ver seus brinquedos, roupas, abrir a mala e ver tudo que comprei para ele. A palavra para definir o sentimento desde então é DOR. Não uma dor latente, insistente ou aguda. É uma dor que te assalta, te maltrata e te exaspera.
 
Continuava chorando pouco. Só dizia para todos: “O que está acontecendo comigo? Dediquei minha vida a alegrar as pessoas, por que motivo agora tiram de mim a maior alegria de minha vida”? Incapaz de desabafar, decidi provocar o meu choro. Vi vários vídeos de meu filho, um após o outro, até que veio o grito, a dor, como uma erupção vulcânica. Urros ensurdecedores. Os vizinhos batiam à porta perguntando o que fazer para me consolar. Minha mãe em prantos, Izabella me confortando sem parar. Foi horrível, mas me senti aliviado ao conseguir. Outros descarregos deste tipo vieram ao longo da semana.
 
Tenho dois shows neste sábado e domingo. Depois de muito pensar, decidi fazê-los. Chamei meu amigo Marcelo Hayena, do Uns e Outros. Ele estará por perto, caso me falte a voz. Ainda assim, estou confiante em cantá-lo até o fim. O motivo é simples. Meu filho nunca viu um show meu, por ser muito pequeno. Agora, ele tem cadeira cativa. E quero fazer para o meu Gabriel, o show mais lindo do mundo. E assim serão todos que eu puder fazer pro resto de minha vida!
 
Obrigado a todos pela força. Não consegui ler nem metade dos recados, mas deixo aqui o meu muito obrigado emocionado e meu consolo a todos que pereceram no desastre, em especial minha querida Jordana e meu sobrinho Luquinha.
 
Foi o pior dia de minha vida, mas cada reza, energia, força, recado, me amparou muito. Ainda sofro mas, de agora em diante, terei de viver um dia de cada vez.
 
Beijem seus filhos com carinho e fiquem com Deus.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Terapia do Luto

O luto é uma fase de transição. Essa terapia é uma abordagem comportamental, breve e focal, centrada na pessoa e que dá novo significado à sua vida.
Deve ser iniciada logo após à morte, a terapia do luto é, também, um tipo de aconselhamento para as tarefas básicas, como tomar algumas decisões
 ( se será positivo participar de rituais religiosos, voltar ou não para casa e o que fazer com os pertences do ente querido e etc...). A terapia facilita o reconhecimento dessas tarefas, que não podem ser evitadas ou apressadas, permitindo que o enlutado se organize para elaborar a perda, assim como estabeleça sua rede de apoio e busque sua espiritualidade - religiosa ou não. Além desse acompanhamento inicial,
consultas auxiliam a enxergar a realidade e encarar a vida.
No processo do luto, cada um tem seu tempo,  cada um tem sua maneira de expressar o luto e não existe certo e errado.
Nosso mundo ocidental lida muito mal com a morte.
Precisamos aprender a aceitá-la e transmutar esta dor em força.
E é exatamente isso que a terapia do luto nos ensina.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

RESPOSTA SERENA DE GHANDI

Enquanto estudava Direito no Colégio Universitário da London University de
Londres, um professor de sobrenome Peters tinha-lhe aversão, mas o estudante
Gandhi nunca baixou a cabeça e os seus encontros eram frequentes: Um dia o Professor  Peters estava a almoçar na sala de jantar da Universidade e o aluno vem com a bandeja e senta-se ao lado do professor.

O Professor, altivo, diz:
- "Sr. Gandhi você não entende... Um porco e um pássaro, não se sentam
juntos para comer."

Ao que Gandhi respondeu:
- "Fique o professor tranquilo... Eu vou voando", e mudou-se pra outra
mesa.

Mr. Peters ficou cheio de raiva e decidiu vingar-se no teste seguinte, mas o
aluno respondeu de forma brilhante a cada pergunta. Então o professor fez
mais uma pergunta:
- "Mr. Gandhi, você está a andar na rua e encontra um saco, dentro dele está
a sabedoria e uma grande quantidade de dinheiro, qual dos dois tira?"

Gandhi responde sem hesitar:
- "É claro professor que tiro o dinheiro!"

O professor Peters sorrindo diz: 
- "Eu, ao contrário, tinha agarrado a sabedoria, você não acha?"

- "Cada um tira o que não tem, responde o aluno "

O professor Peters, fica histérico e escreve no papel da pergunta:
- Idiota!

E o jovem Gandhi recebe a folha e lê atentamente.
Depois de alguns minutos dirige-se ao professor e diz:
- "Mr. Peters, reparo que assinou a minha folha, mas não colocou a nota".

E você? Costuma reagir com a mesma serenidade e perspicácia às ofensas que
recebe?


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Rifa-se um coração - Clarice Lispector

"Rifa-se um coração.

Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado,
meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e,
cultivar ilusões.
Um pouco inconsequente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu:
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
 
Um idealista.

Um verdadeiro sonhador.
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco
o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e,
às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente,
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo, defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração,
ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.

Um coração que não seja tão inconsequente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado,
provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta."
 
 
 
 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Aprenda a resolver seus problemas (Zíbia Gasparetto)

Você já deve ter ouvido alguém dizer que "a felicidade não é deste mundo". Apesar disso, dentro de você há uma força que a impulsiona a correr atrás de uma vida melhor, não é?

Desde cedo você se preparou e estudou bastante para conquistar um lugar bom na família, na sociedade e no trabalho. Com esforço e inteligência, fez projetos, se dedicou e alcançou muitas vitórias. Conquistou o apoio dos parentes, razoável situação financeira e pode até dizer que seus desejos estão se realizando. Além disso, tem fé em Deus e não prejudica ninguém.

Então por que aparecem tantos problemas desagradáveis no dia a dia? Será verdade mesmo que quem planta colhe? Há tantas pessoas maldosas se dando bem! Você poderia citar várias delas. Então, o que está errado?

Nada! Está tudo certo. A vida nunca erra, pois ela é Deus em ação. Ao criar os espíritos à sua semelhança, nos deu potenciais para serem desenvolvidos e o livre-arbítrio - e com ele a responsabilidade de cuidar do próprio progresso. O espírito faz escolhas e colhe os resultados.

Simples e ignorante como foi criado, o espírito fará muitas escolhas erradas durante seu trajeto no caminho da evolução e responderá pelos seus erros. Ao criá-los, Deus estabeleceu leis espirituais perfeitas com a finalidade de auxiliá-los nessa trajetória. Sempre que alguém faz uma escolha errada, a vida coloca em seu caminho alguns problemas que transformarão o erro em aprendizagem. Mas ela só faz isso quando a pessoa já tem conhecimento suficiente para enfrentá-los e vencer.

As pessoas maldosas só se dão bem, porque, em sua ignorância, ainda não têm capacidade de enfrentar certos problemas e aprender. A vida só age com justiça e na hora certa. Ela nunca castiga, só promove a evolução.

O aparecimento de um problema desagradável é uma chance de progresso. Quando ele aparece, você pode até colocar a culpa nos outros ou acreditar que tenha sido vítima de uma fatalidade. Mas isso não é verdade. Diante da vida, você só responde por seus próprios atos.

A causa que provocou seu problema está dentro de você, no seu mundo interior. Você pode identificá-la, aceitando essa realidade e analisando suas crenças. Quando você remove a causa do conflito, terá aprendido a lição e, finalmente, o problema desaparecerá.

Se tiver dificuldade, recolha-se num lugar sossegado, eleve seus pensamentos e, com humildade, peça a Deus que lhe mostre o que está atraindo esse problema. Como consequência, surgirá em sua mente um pensamento, uma crença que mostrará o que deseja saber. Assim, você poderá até encontrar detalhes e soluções para resolvê-lo. Se não conseguir de imediato, não desista! Continue a sua busca insistindo em procurar a causa, porque ela está lá e com o tempo acabará conseguindo.

A vida também trabalha através dos sonhos e, por meio deles, pode mostrar coisas que você não não quer enxergar. Esteja certo de que ela também dará outros sinais, que chamarão sua atenção para certos fatos e frases que podem oferecer-lhe a respostas que procura.

O mais importante é saber o seguinte: seja o qual for o problema a incomodá-lo, se ele apareceu significa que você tem condição de resolvê-lo. Nem sempre a solução surgirá do jeito que você gostaria. Cada problema traz uma lição, uma experiência e, por isso, acaba com as ilusões. Não se lamente porque essa verdade carrega lucidez. Com esse aprendizado, você fará escolhas melhores, colherá ótimos resultados e se tornará uma pessoa melhor e mais feliz.
 
 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Depoimento de Adriana Silveira: Anjos de Realengo



Dois anos após perder a filha Luiza, 14, no massacre da escola de Realengo, na zona norte do Rio, Adriana Silveira, 42, diz que o tempo não passou rápido para ela. Ela conta que transformou a sua dor em luta depois da filha e de outras 11 crianças terem sido mortas na escola municipal Tasso da Silveira pelo atirador Wellington de Oliveira, então com 23 anos.
"O tempo não passou rápido para mim. Eu ainda vivo aquele dia 7 de abril de 2011, até porque estou muito envolvida com as famílias e as crianças. Quando me dei conta de que já fazem dois anos, percebi que nem vi esse tempo passar. Você para no tempo mesmo", conta Adriana.
A mãe de uma das 12 vítimas criou a associação Anjos de Realengo três dias depois do massacre. "Um serve de muleta para o outro. Quando um está caído, o outro ajuda a se levantar. Somos 50 pessoas", explica a mãe.
Daniel Marenco/Folhapress

Adriana, mãe de Luiza, uma das 12 vítimas no massacre

Segundo ela, a associação começou com as famílias de "quem perdeu suas crianças" e logo recebeu a participação da famílias dos sobreviventes. Além dos 12 mortos, outras 12 pessoas ficaram feridas.
"Desde então eu não parei um só dia. Tinha que arrumar uma forma de continuar viva. Olhar para o que tinha acontecido seria muito difícil, eu não ia aguentar. Meu marido e meu pai enfartaram na época da morte da Luiza. Eu levantava tendo que tocar uma associação, ir ao hospital ver meu marido e depois visitar meu pai em casa. Hoje, eles estão caminhando", relata.
Adriana conta que foi uma luta grande passar por todo esse sofrimento. "Só não desisti da vida por causa do meu outro filho, Carlos Roberto, hoje com 18 anos. Eu falei para ele: 'por tua irmã eu morri e por você eu vou ter que ressuscitar'."
ERROS
A presidente da associação conta que não aceita quando as autoridades dizem que "foi um louco que invadiu a escola e matou todo mundo".
"Aquelas crianças estavam no lugar certo, fazendo a coisa certa. As autoridades erraram com ele [o atirador, que sofreu bullying na infância], comigo e com as demais famílias. E continuam errando. Não houve mudança. Ele apertou o gatilho, mas as autoridades são as maiores culpadas."
Segundo ela, a reforma que fizeram na unidade após o crime não garantem a segurança dos alunos. "Fizeram uma reforma grande na escola, mas crianças morreram para o prédio estar daquele jeito hoje. O que mudou mesmo foi a minha vida, a de quem perdeu seus filhos."
Para ela, com um trabalho bem feito, é possível reduzir a violência e o bullying nas escolas. "Queremos fonoaudiólogos e psicólogos diariamente para identificar crianças com problemas, para encaminhá-las para tratamento médico antes que o mal cresça da forma que cresceu com a pessoa que tirou a vida da minha filha naquela escola."
Ela também sugere que um guarda municipal desarmado fique dentro de cada escola para que ele possa, por exemplo, "apartar uma briga entre alunos ou resolver pequenas desavenças".
ÚLTIMO DIA
Adriana conta que o dia do massacre seria o último da Luiza no colégio. Ela tinha repetido de ano e não queria mais continuar lá.
"Naquele dia, quando a acordei, senti algo muito ruim, tremi dos pés à cabeça, sem saber o porquê. Senti que ela não queria ir, mas disse: 'Filha, hoje vai ser seu último dia'."
Adriana conta que pediu para que a filha ligasse da escola para avisar quando visse a diretora. "Eu iria lá para conversar com ela. Bastava dar um toque que eu iria, nem precisava falar comigo. E o telefone tocou. Eram 8h16, mas ela estava ligando para pedir socorro. Saí de casa porque deduzi que era sobre a diretora", lamenta.
A mãe de Luiza diz que soube depois que quando ela tentava ligar para pedir socorro, Oliveira atirou nela. "No caminho, vi que as ruas estavam agitadas, tinha helicóptero voando. Perguntei a um conhecido o que estava acontecendo. Ele disse: 'Um louco entrou na escola e saiu matando todo mundo'."

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Marcia Noleto conta as motivações para criar o grupo "Mães Sem Nome"




 
O papa traz uma palavra de esperança aos corações sofredores. Nós sofremos de saudade, sofremos com a ausência dos nossos filhos, sofremos com a impunidade, com o descaso, com os processos que duram anos e anos sem solução. Sabemos que vamos sofrer dessas dores até o último dia de nossas vidas. Francisco, com seu carisma e generosidade, renovará a nossa fé. Muitas mães perdem a vontade de viver e brigam com Deus. Estar perto do papa é poder resgatar o conceito da vida eterna.

E para o grupo “Mães Sem Nome”?
Tenho trabalhado muito para que o “Mães Sem Nome” seja uma referência como é o Alcoólicos Anônimos. Quero que, quando uma mãe sofra a perda de um filho, alguém diga que tem um grupo de mães que faz um trabalho de acolhida e que existe um espaço para compartilhar a dor e trocar informações e experiências. Juntas, sofremos muito menos. Esse é o princípio da caridade. Já dizia São Francisco de Assis que é dando que se recebe. Quando abraço uma mãe que sofre, recebo de volta uma energia inigualável. É a energia do amor fraterno.

Qual é o maior objetivo do grupo?
O maior objetivo do grupo é ser um espaço neutro, onde as pessoas nem precisam se identificar, se for o caso. E um confessionário virtual. Ali a mãe pode repetir milhões de vezes o que sente sem ser recriminada por isso. Ao contrário, na página, o que ela diz, é compreendido na mesma sintonia por todas as outras mães. Com o tempo, as pessoas dos nossos círculos de amizade se afastam porque não querem mais ouvir a mãe se lamentando. No “Mães Sem Nome” isso não acontece.

Como ele sobrevive?
O grupo não tem nenhuma verba. Todos os eventos são patrocinados pelas mães. Gostaríamos muito de ter uma casa para fazer uma sede.

O que mudou em você após receber o telefonema sobre a notícia do acidente com sua filha?
Tudo mudou, tudo. Eu morri naquele dia. Fiquei morta por um bom tempo. Mergulhei em um processo de busca espiritual. Li livros de todas as crenças. Indaguei milhões de vezes sobre a existência de deus. Revi todos os meus conceitos. Descobri o quanto era egoísta. Para quanta coisa se dá importância inutilmente! Quantas brigas podem ser evitadas? Quantas coisas podemos evitar de comprar? Quantas coisas podemos doar? Quantos gestos de carinho podem ou deixam de ser expressados? Quanto tempo perdemos com pequenas preocupações? O mundo está gritando por mudanças. O mundo inteiro precisa rever os seus conceitos. O mundo está muito doente. Quanta guerra, quanto conflito, quanta violência, quanta corrupção, quanta injustiça...

Em algum momento você se revoltou?
Sim, inúmeras vezes. Isso é muito normal no nosso caso. Só o tempo ajuda. Ficamos esperando que o inesperado do bem volte acontecer em nossas vidas.

Em algum momento você se culpou por ter deixado sua filha fazer o passeio?
Várias vezes me culpei por ter deixado ela fazer aquela viagem. Mas hoje acredito em destino e busco exercitar a “aceitação”. Busco humildemente entender que não cabe a mim, mesmo sendo mãe, traçar o destino da minha filha. Ela tinha a sua história. Não controlamos nada, por mais que pensemos que podemos protegê-los e salvá-los dos sofrimentos da vida, o caminho é individual.

Você tem outro filho. Acha que é possível ser feliz mesmo com essa enorme perda?
Acho que aprenderei a viver com a tristeza que eu carrego e carregarei para a vida inteira. E que terei alguns momentos de alegria. O importante é não deixar a tristeza se instalar. Isso serve para todo ser humano. Temos sempre os dois lados da moeda: a alegria e a tristeza, o bem e o mal, a esperança e a descrença.... Nossas escolhas podem mudar nossas vidas. E o livre arbítrio. Mas hoje eu sei que a felicidade passa pela simplicidade, pelo convívio com a família, pelo amor que tenho no coração e que posso distribuir para as pessoas que estão ao meu redor. A estrada da vida é longa pois é eterna, mas o nosso tempo aqui é curto. Passa muito rápido. Em breve descobrirei o grande mistério. Por isso tenho que viver o que me resta na Terra com dignidade, aceitação e saboreando delicadamente cada segundo como se fosse o último.
 

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Resistência da dor - Cecília Meirelles

Conheço a residência da dor.
É um lugar afastado,
Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas,
Com umas imensas vigílias diante do céu.
A dor não tem nome,
Não se chama, não atende.
Ela mesma é solidão:
Nada mostra, nada pede, não precisa.
Vem quando quer.
O rosto da dor está voltado sobre um espelho,
Mas não é rosto de corpo,
Nem o seu espelho é do mundo.
Conheço pessoalmente a dor.
A sua residência, longe,
Em caminhos inesperados.
Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores.
E ouço dizer:
“ Quem visse, como vês, a dor, já não sofria ”.
E olho para ela, imensamente.
Conheço há muito tempo a dor.
Conheço-a de perto.
Pessoalmente.
 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

O ANÚNCIO - OLAVO BILAC

O dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua:
 _Sr. Bilac, preciso vender o meu sitio que o senhor conhece tão bem.
 Será que o senhor poderia escrever o anúncio para o jornal?
 
Olavo Bilac pegou o papel e começou a escrever:
 "Vende-se bela propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão.
A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranquila das tardes,
na varanda."
 
Meses mais tarde, o poeta topa com o homem e pergunta-lhe se havia conseguido vender o sitio.
 _Nem penso mais nisso_ disse-lhe o homem.
 _Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha!
 
 Ás vezes, não descobrimos as coisas boas que temos conosco e vamos longe atrás de miragens e falsos tesouros. Valorize o que tem, a pessoa que está a seu lado, os amigos que estão perto de você, o emprego que DEUS lhe deu,
o conhecimento que você adquiriu, a sua saúde, o sorriso,
enfim tudo aquilo que nosso Deus nos proporciona diariamente
para o nosso crescimento espiritual.
 
 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Simples - Pe. Fábio de Melo

Tudo o que é belo tende a ser simples. Afirmação generalizante? Não sei.
O que sei é que a beleza anda de braços dados com a simplicidade.
Basta observar a lógica silenciosa que prevalece nos jardins.
Vida que se ocupa de ser só o que é.
Simplicidade é um conceito que nos remete ao estado mais puro da realidade.
A semente é simples porque não se perde na tentativa de ser outra coisa.
É o que é. Não desperdiça seu tempo querendo ser flor antes da hora.
Cumpre o ritual de existir, compreendendo-se em cada etapa.
Tenho uma intuição de que quando eu simplificar a minha vida,
a felicidade chegará em minha casa, quando eu menos esperar.

(Trechos do texto Simplifique Sua vida)
 
 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e
passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos,
por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,
 para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso e
que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...