sábado, 29 de novembro de 2014

NASCER DE NOVO

Certa vez, sonhei que estava num campo gramado muito extenso, num dia nublado, fresco e com uma brisa bem leve e acolhedora. Estava sentado debaixo de uma grande árvore.

O sonho parecia bem real. Olhei para o lado, e incrív
el, percebi que Jesus estava sentado sob a mesma árvore que eu, observando a paisagem, com olhar sereno e profundo.

“O que Jesus estaria fazendo do meu lado?” Pensei. Resolvi falar com ele e disse:

- Senhor, deu-me a honra de sua presença. Por que resolveu falar comigo nestas belas paragens esverdeadas?

O senhor olhou-me com muito carinho, e disse:

- Você sempre quis entender o motivo do sofrimento humano. Então estou aqui para te fazer essa revelação.

Não tinha vontade de falar coisa alguma, apenas de ouvir Nosso Senhor, Jesus, que estava ali, me dando um precioso ensinamento.

- Sim mestre. Por favor, explique-me sobre o sofrimento humano.

Subitamente, apareceu diante de nossos olhos uma mulher dando à luz a uma criança. Olhei aquela cena e não compreendi. Jesus disse:

- O que te revelarei agora desejo que seja passado a toda a humanidade. Lembra-te do que foi dito: “Para entrar no Reino dos Céus é necessário nascer de novo”. Pois bem. O sofrimento é como uma mulher dando a luz. O parto é o momento mais doloroso na vida de uma mulher, e é igualmente o único que permite o nascimento. Dessa forma, o sofrimento é como um parto. Sofremos muito, chegamos ao limite da dor suportável ao ser humano, mas o resultado disso, quando sabemos aproveitar, é um novo nascimento. Se não permitimos o nascimento do ser interior que jaz latente no âmago de cada um, a dor pode se perpetuar. Mas se deixarmos o novo nascimento ocorrer, o sofrimento cessa. No caso da dor e do sofrimento, o efeito não é o nascimento de outra pessoa, mas de um novo eu, da morte do “velho homem” e do nascimento do “novo homem”, renascido, renovado e divino. Esse é o significado profundo do sofrimento.

Agradeci imensamente a Jesus, e despertei para um novo dia…

“Jesus respondeu, e disse-lhe: Em verdade, em verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” (João 3: 3)

(Hugo Lapa)
 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Foi assim...


Começou a bordar com linha verde. Não sabia o que bordar,
mas tinha certeza do verde, verde brilhante.

Capim. Foi isso que apareceu depois dos primeiros pontos. Um capim alto, com as pontas dobradas como se olhasse para coisa alguma.

Olha
as flores, pensou ela, e escolheu uma meada vermelha. Assim, aos poucos, sem risco, um jardim foi aparecendo no bastidor. Obedecia às suas mãos, obedecia ao seu próprio jeito, e surgia como se no orvalho da noite se fizesse a brotação.

Toda manhã a menina corria para o bastidor, olhava, sorria, e acrescentava mais um pássaro, uma abelha, um grilo escondido atrás de uma haste.

O sol brilhava no bordado da menina. Era tão lindo o jardim que ela começou a gostar dele mais do que de qualquer outra coisa.

Foi no dia da árvore. A árvore estava pronta, parecia não faltar nada. Mas a menina sabia que tinha chegado a hora de acrescentar os frutos. Bordou uma fruta roxa, brilhante, como ela nunca tinha visto. E outra, e outra, até a árvore ficar carregada, até a árvore ficar rica, e sua boca se encher do desejo daquela fruta nunca provada.

A menina não soube como aconteceu. Quando viu, já estava a cavalo do galho mais alto da árvore, catando as frutas e limpando o caldo que lhe escorria da boca.

Na certa tinha sido pela linha, pensou na hora de voltar para casa. Olhou. A última fruta não estava pronta, tocou no ponto que acabava em fio. E lá estava ela, de volta na sua casa.

Agora que já tinha o caminho, todo dia a menina descia para o bordado. Escolhia primeiro aquilo que gostaria de ver, uma borboleta, um louva-deus. Bordava com cuidado, depois descia pela linha para as costas do inseto, e voava com ele, e pousava nas flores, e ria e brincava e deitava na grama.

O bordado já estava quase pronto. Pouco pano se via entre os fios coloridos. Breve, estaria terminado.

Faltava uma garça, pensou ela. E escolheu uma meada branca matizada de rosa. Teceu seus pontos com cuidado, sabendo, enquanto lançava a agulha, como seriam macias as penas e doce o bico. Depois desceu ao encontro da nova amiga.

Foi assim, de pé ao lado da garça, acariciando-lhe o pescoço, que a irmã mais velha a viu ao debruçar-se sobre o bastidor. Era só o que não estava bordado. E o risco era tão bonito, que a irmã pegou a agulha, a cesta de linhas, e começou a bordar.

Bordou os cabelos, e o vento não mexeu mais neles. Bordou a saia, e as pregas se fixaram. Bordou as mãos, para sempre paradas no pescoço da garça. Quis bordar os pés mas estavam escondidos na grama. Quis bordar o rosto mas estava escondido pela sombra. Então bordou a fita dos cabelos, arrematou o ponto, e com muito cuidado cortou a linha.

(Marina Colasanti. Uma idéia toda azul. RJ, Nórdica, 1979)
 
 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Que queres?!!

..Se você age com egoísmo, guarda mágoas,
olha com maus olhos ou planeja vingança contra quem
o prejudica ou o prejudicou,
o que espera colher?!!
Lembrando:
O que você planta você colhe!
 
 

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Do livro: A Menina e o Pássaro Encantado

Sem que ela se apercebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado, como o pássaro.
Porque ele deveria estar a voar de qualquer lado e
de qualquer lado haveria de voltar. Ah!
Mundo maravilhoso,
que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama…
E foi assim que ela, cada noite, ia para a cama, triste de saudade,
mas feliz com o pensamento:
“Quem sabe se ele voltará amanhã….”
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.

 (Rubem Alves)
 
 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Tudo dará certo!

"O jeito é cumprir nossas escolhas e abandoná-las quando for preciso,
mexer e remexer na nossa trajetória,
alegrar-se e sofrer, acreditar e descrer,
que lá adiante tudo se justificará, tudo dará certo.
Algumas vidas até podem ser tristes, outras são desperdiçadas, mas,
num sentido mais absoluto,
não existe vida errada."

 (Martha Medeiros)
 
 

sábado, 22 de novembro de 2014

Penso em Você!

Neste momento,
penso em você e então
quisera me transformar em vento.
E se assim fosse,
chegaria agora como brisa fresca
e tocaria leve sua janela.
E se você me escuta e
me permite entrar,
em você vou me enroscar
quase sem o tocar.
Vou roçar nos seus cabelos,
soprar mansinho no ouvido,
beijar sua boca macia,
o embalar no meu carinho
Mas eu não sou vento...
Agora sou só pensamento e
estou pensando em você.
E se abrir sua janela,
eu estou chegando aí,
agora...
neste momento,
em pensamento...
no vento.
 
(Roberto Shinyashiki)
 
 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Minha pérola!

És para mim joia rara, minha pérola preciosa,
a flor mais linda do meu jardim!
És fonte de luz e paz na minha vida,
nos meus momentos de dor corro ao teu encontro,
embora seja apenas nos meus pensamentos!
És para mim meu lindo tesouro,
minha pérola que mesmo distante brilhas assim intensamente para mim!
És para mim pérola preciosa que preenche os meu dias com a tua alegria, pequenos momentos que se fazem assim
tão presente na minha vida é como uma,
uma chama que não se apaga,
essa luz vive a ofuscar com teu brilho a me encantar!
 
 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Parabéns Querida Filha Paloma

Hoje é o seu dia... 
Dia da minha filha Paloma,
minha Paloma tão amada e tão querida.
Feliz Aniversário filhota adorada! 
Você se tornou uma mulher digna, educada,
gentil, de caráter irretocável. 
Obrigada por você ter realizado meu sonho da maternidade, 
ser sua mãe é um privilégio. 
Muita luz, e todo meu amor para você sempre!!! 
 
 
Da mãe eterna Thelma Christina.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Saudade

Saudade
 - O que será... não sei...
procurei sabê-lo em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido...

desta doce palavra de perfis ambíguos.
Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.
Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade,
sua doçura me obceca como uma mariposa de estranho e
fino corpo sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.
Saudade...
Ouça, vizinho,
sabe o significado desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...
 
(Pablo Neruda)
 
 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Alma Celta

Que o Anjo do Amor preencha teu coração!!
Que o Anjo da Alegria ilumine teu sorriso!!
Que o Anjo da Justiça te alerte sempre!!
Que o Anjo da Amizade te ampare c
om carinho!!
Que o Anjo do Perdão te fortaleça!!
Que o Anjo da Luz te ilumine e te
mantenha como sua emissária,
espalhando luzes para todos que cruzem teu caminho!!
 
 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Diante da maldade

Sim, infelizmente há pessoas destituídas de sentimentos de compaixão, bondade e amor.
Pessoas que agridem com as mãos, com palavras, com o olhar,
com o comportamento. Chefes tiranos, negociantes gananciosos e
uma categoria sem fim de vilões com os quais cruzamos
nas esquinas de nossas vidas todos os dias.
Maldade é ausência de amor.
Pessoas más vivem à procura de vítimas e, frequentemente,
as encontram entre as pessoas mais frágeis, bondosas e afetivas.
Os bons sofrem porque esquecem que também é bondade denunciar e não aceitar a maldade. Seja bom, mas não seja tolo.
Ser conivente com a maldade é uma maneira de se aproximar da aquisição de seus hábitos. Saia desse âmbito de ação.
Neutralize as possibilidades de que apliquem vilania à sua vida.
Como disse Martin Luther King:
“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”
Trate o mal com o bem, amando o próximo,
mas cuidado para não levar o inimigo para dentro de casa.
Não desacredite da humanidade,
mas não convide os vilões para jantar.

sábado, 15 de novembro de 2014

A lágrima

Obstinada, desliza
Sem permissão, insolente
Não há ponte que a trave...

Lenço que a amordace
A lágrima não se intimida
Nada a demove de ser
Forte na fragilidade
Um mar de água salgada
No meu olhar a nascer


(Helena Mota)

 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Tem que ser muito MULHER!

Tem que ser muito mulher para fazer o que ela faz.
Sorrir como ela sorri, organizar todos os dilemas e
ainda ter tempo para sonhar como ela sonha.
Tem que ser muito mulher para trazer a tristeza que ela carrega,
para ter os olhos lindos que ela tem.
Há de ser muito mulher para romper todos os olhares tortos,
para suprir todo o amor que lhe falta, bem como ela, só ela, faz.
Há de ser muito mulher para andar todos os quilômetros de vida
que ela já andou, viver tudo e mais um pouco do que ela viveu.
Muito, mas tem que ser muito mulher,
mulher demais para doer o tanto que ela já doeu,
para lamber a ferida como ela lambe e
suportar com sobriedade tudo o que,
com ela,
a vida faz.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Nossa Senhora Aparecida rogai por nós.

“Salve, Senhora Santa, Rainha, Santa Mãe de Deus,
Tu és a Virgem que se tornou a Igreja;
escolhida pelo Pai Santíssimo do céu,
por Ele consagrada como um Templo com o Seu Filho bem-amado e
o Espírito Santo Paráclito;
tu, em quem esteve e está a plenitude da graça e
Aquele que é todo o bem.
 Salve, Palácio de Deus!
Salve, Tabernáculo de Deus!
Salve, Casa de Deus!
Salve, Veste de Deus!
Salve, Serva de Deus!
Salve, Mãe de Deus!”
 
(São Francisco de Assis).
 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Saudade

Saudade - O que será... não sei...
procurei sabê-lo em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido

desta doce palavra de perfis ambíguos.
Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.
Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.
Saudade...
Ouça, vizinho,
sabe o significado desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...
 
(Pablo Neruda)
 
 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

(Roberto Shinyashiki0

Não coma a vida com garfo e faca.
Lambuze-se!
Muita gente guarda a vida para o futuro.
É por isso que tantas pessoas se sentem emboloradas na meia-idade.
Elas guardam a vida,
não se entregam ao amor,
ao trabalho, não ousam,
não vão em frente.
Não deixe sua vida ficar muito séria,
saboreie tudo o que conseguir:
as derrotas e as vitórias,
a força do amanhecer e a poesia do anoitecer.
Com o tempo,
você vai percebendo que
para ser feliz
você precisa aprender a gostar de si,
a cuidar de si e,
principalmente,
a gostar de quem também gosta de você.
 
 

sábado, 8 de novembro de 2014

Imaginação é tudo...

"A imaginação é o lugar onde as coisas que não existem,
existem.
Este é o mistério da alma humana:
somos ajudados pelo que não existe.
Quando temos esperança,
o futuro se apossa dos nossos corpos.
E dançamos."
 
(Rubem Alves)
 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Esse dia vai chegar...




Não sou nem otimista, nem pessimista.
Os otimistas são ingênuos, e os pessimistas amargos.
Sou um homem da esperança.
Sei que é para um futuro muito longínquo.
Sonho com o dia em que o sol de Deus vai espalhar
justiça pelo mundo todo.
(Ariano Suassuna)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

MEU VÔ.

 Lembrei agora do meu fusca. Aquele bege, que me levava prá cima e prá baixo.
Carregava tudo que você pudesse imaginar.  Apostilas de faculdade, sacola com roupas de trabalho. Fitas de cassete para escutar minhas músicas favoritas.
No porta-luvas batom, blush e escova de cabelo.
Carregava paciência, alegria, tristeza.
Levava pessoas, que faziam parte da minha vida.
Carregava meus sonhos.
Sonhos de menina que um dia queria se formar e ser uma grande profissional. Carregava esperança, que até hoje nunca as perdi.
Carregava malas, sacolas, mães, avós, tios, tias.
Carregava amigos.
Enfim carregou por um bom tempo muita coisa.
Mas o que me fez lembrar de verdade do meu fusca,
foi a Saudades enorme que senti neste momento de meu Avô.
Pois se não tivesse sido ele, eu não teria carregado tanta coisa na minha Vida. Pois meu primeiro fusca foi presente desse homem incrível na minha Vida.
 Senti saudades meu querido VÔ.
 
 
 
 

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Epílogo

Não, o melhor é não falares,
não explicares coisa alguma.
Tudo agora está suspenso.
Nada aguenta mais nada.
E sabe Deus o que é que desencadeia as catástrofes,
o que é que derruba um castelo de cartas!
Não se sabe...
Umas vezes passa uma avalanche...

e não morre uma mosca...
Outras vezes senta uma mosca
e desaba uma cidade.

(Mario Quintana, in: Sapato Florido, 1948)
 
 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Vestígios!

Todas as pessoas querem deixar alguns vestígios para a posteridade. Deixar alguma marca.
É a velha história do livro, do filho e da árvore,
o trio que supostamente nos imortaliza.
Filhos somem no mundo, árvores são cortadas, livros mofam em sebos. A única coisa que nos imortaliza - mesmo
 - é a memória de quem amou a gente.

(Martha Medeiros)
 
 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

LIÇÕES DO SOFRIMENTO

Quando você estiver atravessando um profundo sofrimento, procure lembrar de oito princípios básicos da vida:

1 – Não há mal que dure para sempre. Qualquer dor, ou sofrimento que você esteja passando é necessariamente ...
passageiro. Por mais que demore e por mais que o sofrimento pareça eterno, um dia ele sempre terá um fim.

2 – Você não é a única pessoa a sofrer no mundo. Nosso sofrimento sempre parece maior, pois estamos sentindo-o diretamente, em nós mesmos. Mas basta olhar para o lado e ver o quanto cada pessoa no mundo sofre de igual forma, ou até mais gravemente que nós.

3 – Pense que, se o sofrimento fosse menor, ele poderia não ser suficiente para provocar um movimento em você e te tirar do conformismo. No momento em que o sofrimento se torna insuportável, esse limite nos força a tomar uma atitude e a buscar um desenvolvimento. Se alguma parte do seu organismo não começasse a doer fortemente, você não saberia que ele precisa de cuidados, e não buscaria a cura. Da mesma forma, quando há uma enfermidade da alma precisando de purificação interior, é necessário que a dor nos tire da inação e nos mostre o caminho. Logo, não reclame da dor, tome-a como a base de sua transformação e do seu desapego das coisas fúteis e efêmeras.

4 – Tal como uma criança grita e se debate quando toma uma vacina, nós também reclamamos e esperneamos quando Deus nos coloca diante das vacinas doloridas da vida. Da mesma forma que a vacina irá imunizar a criança e evitar doenças futuras, assim também o sofrimento advindo das adversidades da vida tem o poder de imunizar nosso espírito e nos libertar das futuras doenças da alma.

5 – Uma grande lição do sofrimento é que só aprendemos uma coisa quando a realizamos e sentimos. É como o aluno de natação e seu professor. Por mais que o professor explique a teoria da natação, num dado momento o aluno precisará mergulhar na água e se virar sozinho para conseguir nadar. É certo que, em algum momento o professor precisa jogar a pessoa na água, e deixa-la sozinha, para que ela aprenda a nadar pelos seus próprios meios e recursos, sem depender mais de ninguém. Em essência, Deus faz isso para que cada pessoa cresça por si mesma e se torne independente, pois é assim que evoluímos espiritualmente. Por esse motivo, Deus nos coloca num mundo de sofrimento para que, sem nenhuma ajuda nos momentos difíceis, possamos aprender as sagradas lições da vida.

6 – Saiba que, se os sofrimentos da vida fossem simples de serem vencidos, o mérito espiritual seria igualmente simples, e pouco traria de benefícios espirituais para nosso espírito. Quanto maior o sofrimento, maior o mérito em supera-lo, e consequentemente, maior a conquista espiritual. Portanto, não reclame do sofrimento, agradeça a Deus a oportunidade de atravessar uma provação.

7 – Os sofrimentos da vida mundana podem ser comparados aos sofrimentos que passamos na infância. Quando somos crianças, as pequenas tribulações de briguinhas com colegas, lutas por brinquedos, ciúmes dos irmãos, gozações dos meninos, tudo isso parece terrível. Naquela fase esses probleminhas parecem imensos, mas após nosso crescimento e amadurecimento volvemos o olhar novamente à infância e nos damos conta do quão irrisórios e insignificantes eram esses problemas. Os adultos podem até deixar de lado pequenas rixas infantis por descobrirem o seu caráter banal. O que acontece na infância com a visão da fase adulta, é semelhante ao que ocorre na visão do espírito no plano espiritual em relação aos sofrimentos do mundo. Percebemos a sua natureza transitória e sua total irrelevância diante da eternidade da vida espiritual.

8 – E por fim, não se esqueça: Deus nos dá a cruz do sofrimento na medida em que podemos carrega-la. Se Deus desse uma cruz mais pesada do que alguém poderia conduzi-la, ele seria um Deus injusto. Como Deus é a inteligência perfeita e infinita, Ele te conhece muito melhor do que ti mesmo, e sabe que você é capaz de carregar uma pesada cruz. Logo, não reclame da injustiça do sofrimento, tome para si a sua cruz, pois ela foi esculpida pelo carpinteiro cósmico, que conhece tuas forças e sabe que você é capaz de passar pelos labirintos tortuosos da vida e conseguir a sagrada e tão sonhada purificação interior.

(Hugo Lapa)
 
 

sábado, 1 de novembro de 2014

A AVÓ

A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha!

Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.
Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.
Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala...
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando...
A velha acorda sorrindo.
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.
Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos doirados.
Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
"Ó vovó! conte uma história!
Conte uma história bonita!"
Então, com frases pausadas,
Conta histórias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas...
E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
- Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem.
 
(Olavo Bilac)