terça-feira, 11 de novembro de 2014

Saudade

Saudade - O que será... não sei...
procurei sabê-lo em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido

desta doce palavra de perfis ambíguos.
Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.
Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.
Saudade...
Ouça, vizinho,
sabe o significado desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...
 
(Pablo Neruda)
 
 

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