quarta-feira, 13 de abril de 2016

Luto Parental







O que mais chama a atenção em relação á morte de filhos é a ruptura da lógica de que a morte das pessoas mais velhas antecede a dos mais novos. Decorre daí o profundo sentimento de violação do desenvolvimento humano natural que os pais vivenciam diante da perda de um filho. A morte de um jovem é considerada a menos natural das mortes.
Muitos são os fatores que tornam o luto parental diferente de outros tipos de luto. Dentre eles, podemos citar a natureza do vínculo que existia antes da perda, o papel que o filho desempenhava; ou como a morte aconteceu, qual foi sua causa; e muitos outros. Obviamente, diante de todos esses fatores, há uma grande diferença entre pais que enlutam pela perda de um filho. Daí falarmos em uma variedade de vivências no luto parental, devido à sua multidimensionalidade.
Os filhos são a prova concreta de que a vida dos pais está fluindo, pois, tanto do ponto de vista social como da perspectiva, do desejo pessoal, os pais carregam a expectativa de desempenharem seu papel a partir de uma determinada idade de seus filhos, o que, de certo modo, pode até mesmo ser considerado um rito de passagem........
Quando a perda  se dá por assassinato, acidentes, suicídios ou mesmo doenças estigmatizantes, paira no ar a dúvida em relação á orientação e adequação desses cuidados. Alguns pais, podem chegar a se sentirem culpados por não insistir em medidas que, segundo eles, poderiam ter evitado a morte do filho, como por exemplo, a restrição do acesso ao carro da família num certo horário, a falta de atenção para com os sentimentos do filho, quando ele não estava bem, ter saído deixando-o sozinho, dentre inúmeras culpas.



Do Livro Perdas Compartilhadas- De Fabiana Gradela e Maria Cristina Baumgartner








sábado, 9 de abril de 2016

Perdas Prematuras


Em nossa sociedade o vínculo dos pais com os filhos é muito forte. Ao morrer, o filho leva com ele todas as suas necessidades, as preocupações, responsabilidades e atitudes diante dos pais, a alegria do reencontro.
Morrem também os sonhos e "morrem" os pais daquele  filho. Trata-se de um luto diferenciado de todos os outros: luto parental (luto de pais).
Com o passar do tempo, os pais podem voltar a fazer projetos de vida e planos, mas a dor sentida pela perda do filho continua por toda a vida. 
Para sempre, quando lembrarem e falarem de seus filhos, independente do tempo decorrido desde a morte, será como se o óbito tivesse acabado de acontecer, com a mesma intensidade, não importa quanto tempo os pais tiveram ao lado se seu filho.......
A dor tão intensa faz brotar um desejo de morte, a sensação de que não se pode viver mais. Cada dia se torna um pesadelo que não ocorre nos sonhos, mas sim na vigília. é uma dura aprendizagem que vivem essas famílias em sua vidas reconstruídas a partir da ausência, com a companhia de memórias e lembranças. Por isso é tão importante que as recordações tragam imagens idealizadas, que todos querem que sejam mantidas.
Várias são as formas de enfrentamento desta dor nos momentos mais agudos, ou quando há uma dor crônica diária, que parece eterna.
 Nesses momentos as alternativas são várias: ficar só, buscar grupos de apoio com pessoas que viveram situações semelhantes, psicoterapia etc.
A espiritualidade pode ajudar várias pessoas, mesmo que num primeiro momento haja uma revolta com Deus.

Do Livro Perdas Compartilhadas-  Fabiana Gradela e Maria Cristina Santa Baumgartner