quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Preciso, para (Marina Colasanti)

Preciso que um barco atravesse o mar
lá longe,
para sair dessa cadeira,
para esquecer esse computador e,

ter olhos de sal,
boca de peixe e,

o vento frio batendo nas escamas.
Preciso que uma proa atravesse a carne
cá dentro,
para andar sobre as águas,
deitar nas ilhas e,
olhar de longe esse prédio,
essa sala,
essa mulher sentada diante do computador que,

bebe a branca luz eletrônica e,
pensa no mar.
 

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