sexta-feira, 25 de julho de 2014

A DOR NA VISÃO ESPÍRITA - José Luiz Miglioli

Não há a menor possibilidade de alguém viver por muito tempo sem algum tipo de sofrimento. Pode ficar anos na alegria, mas vai chegar a hora de sentir as dores de um sofrimento. Ninguém gosta de sofrer, mas às vezes isso se torna necessário para aprimorar os valores morais e espirituais.
As dores e infortúnios podem ajustar e corrigir condutas errôneas adotadas na existência presente, como as de vivências anteriores. Na lição do Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. V, ítem 7 – os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a consequência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros.
A Terra é um planeta de expiações e provas e, assim, busca o progresso espiritual das pessoas. Porém, vemos pessoas boas sofrerem e outras más sem nenhuma dor. A resposta para isso é o momento, ou seja, a cada instante a situação se altera conforme as necessidades de aprimoramento espiritual.
A vida não se resume em momentos, mas sim em existências de reencarnações. Faltas cometidas em vidas anteriores explicam o sofrimento de uma pessoa boa nessa vida
No espiritismo o momento do sofrimento é chamado de oportunidade de resgate e um meio de aprendizado. O sofrimento tem uma causa próxima ou remota e ao suportá-lo se adquire forças e créditos no crescimento espiritual. Evolui-se na dor e no amor.
A dor traz mudanças de hábitos, intenções, condutas e pensamentos. Igualmente, pode proporcionar a revolta, indignação e desajustes. Na visão espírita a serenidade para aceitar as coisas que não se pode modificar e a aceitação de sofrimento são iniciativas de reformas íntimas.
As dores físicas, espirituais e morais recebem denominações variadas, tais como, angústias, amarguras, aflições, tristezas, solidão, despeito, mágoa, ciúme, inveja, ingratidão, insegurança, irritação, indiferença, egoísmo, orgulho, etc. A espiritualidade vê o resultado dessas provas como um preparo para novas empreitadas objetivando o aprendizado e melhoramento espiritual.
É o mau comportamento das pessoas – no uso irresponsável de seu livre arbítrio - a origem de todo sofrimento e desequilíbrio. Por isso, a dor é a razão para se alcançar o correto modo de proceder perante as leis divinas. Dessa forma, sofre menos quem vê a dor como função educativa e não punitiva.
Ao sucumbir perante um sofrimento, certamente a pessoa acumulará débitos no tocante ao resgaste à frente da espiritualidade. A sua transformação de melhoria somente ocorrerá mediante o ajuste de seus pensamentos, comportamentos e condutas.
A dor, como mecanismo da lei espiritual, ao ser suportada com resignação e aceitação educativa permite mudanças significativas de melhoria no estado emocional e espiritual de uma pessoa. Nesse momento aflitivo sempre prevalece a prece e isso abre portas para aproximação com espíritos protetores.
Torna-se impossível evitar um sofrimento momentâneo. Porém, se deve buscar a estrutura psíquica, emocional e espiritual para suportá-lo evitando-se, assim, o desequilíbrio, revolta, indignação e a dor demasiada. O enfrentamento da dor com equilíbrio e aceitação nos torna mais forte perante o progresso evolutivo.
Toda intemperança é registrada no perispírito e, dessa forma, no reencarne o corpo físico apresentará os resultados daí provenientes. As anomalias fixadas no perispírito são impressas no corpo físico. Essa é uma das razões de se evitar os desajustes nas condutas, pensamentos e na vivência momentânea de um sofrimento.
Com a dor física ou moral o espírito se torna mais maleável e acessível. A cada dor é uma prova a ser vencida. Portanto, suportar a dor com equilíbrio adquire-se a perfeição e méritos espirituais. Dessa forma, o espiritismo vê a dor de forma magnânima e não maléfica.
É certo que todos têm direito a buscar a alegria, os prazeres e a vivência de bons momentos. Mas, a dor é inevitável. E, para suportá-la convém compreender que seu concurso é indispensável para o nosso aperfeiçoamento, pois se trata de um infalível corretivo.
Pelos ensinamentos do O Evangelho Segundo o Espiritismo colhemos lições sobre os sofrimentos:
- Cap. V, item 10 , “Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio”,. “( ... ) Dele, depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá que recomeçar”.
- Capítulo XIV, item 9: “As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus”.
- Capítulo V., nº 13: “O homem pode minorar ou agravar as asperezas de sua luta, pela maneira com que encara a sua vida terrena”.
- Capítulo V, item 14 b: "A calma e a resignação auferidas na maneira de encarar a vida terrena, bem assim a fé no futuro, conferem ao espírita essa serenidade que é o preservativo contra a loucura e o suicídio".
Na mesma fundamentação, segue o Livro dos Espíritos:
Questão nº 920: - O homem pode gozar na terra uma felicidade completa?
Resposta dos Espíritos: "Não, pois a vida lhe foi dada como prova ou expiação, mas dele depende abrandar seus males e ser tão feliz quanto se pode ser na terra".
Finalizando, devemos entender que somente as provas bem suportadas nos conduzem à elevação espiritual. Não haverá fardo maior do que a capacidade de carregá-lo. E, sempre a pessoa com sofrimento olha mais para si mesma, fato que, pede, ora, busca benefícios religiosos e acessos espirituais para atenuar essa dor resultando com isso, inegavelmente, em elevação espiritual.
 
 

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