segunda-feira, 8 de abril de 2013

TRECHO DO LIVRO "CAÇADOR DE PIPAS“ - Um sonho:

“Estou perdido em uma tempestade de neve.
O vento assobia tirando pedacinhos de gelo que
espetam os meus olhos.
Vou cambaleando, os pés afundando em camadas daquela brancura fofa.
Grito por socorro,
mas o vento não deixa que os meus gritos sejam ouvidos.
Caio e fico ofegante na neve,
perdido naquela imensidão branca com o aumento do vento
soando nos meus ouvidos.
Vejo que a neve esta apagando as minhas pegadas.
‘Agora sou um fantasma’ penso eu, ‘Um fantasma sem pegadas’.
Volto a gritar com a esperança sumindo como as marcas
dos meus passos.
Desta vez, porém, há uma resposta longínqua.
Projeto os olhos com as mãos e dou um jeito de me sentar.
Além das cortinas flutuantes de neve,
tenho a breve visão de algo se movendo, um borrão de cor.
Uma forma familiar se materializa.
Uma mão se estende na minha direção.
Vejo profundos talhos paralelos cortando a sua palma e
o sangue escorrendo, tingindo a neve.
Seguro aquela mão e, de repente, a neve desaparece.
Estamos em um campo de relva verde-clara e
macios flocos de nuvens deslizam no céu.
Olho para cima e vejo o céu claro coalhado de pipas verdes, amarelas, vermelhas, laranja.
Elas cintilam à luz do entardecer.”
 
(Khaled Hosseini)
 

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