Você
muda de ares, de corte de cabelo, de endereço, de companhia, de cidade, de
trabalho. Muda tudo. Então, você se enche de entusiasmo e parece ter uma energia
inacabável. Tudo ganha novos contornos e você pensa:
“finalmente estou onde
devia estar”.
Daí o tempo passa. O ar parece pesado, o corte de cabelo não assenta mais, o endereço não é dos melhores, as companhias revelam seus lados não bonitos, a cidade já não tem tantos atrativos, o trabalho parece mais do mesmo. Então, você se sente no vazio, sem força para nada. Tudo parece como era antes, ou até pior, e você pensa:
“preciso mudar tudo de novo”.
Conhece o enredo? Consegue adivinhar as cenas dos próximos capítulos?
Talvez tenha faltado o aviso de que mudar é bom, mudar é ótimo, desde que a gente mude do jeito certo e as coisas certas. Muitas vezes o que precisa ser mudado é a nossa crença de que não pode haver vazios ou de que a gente precisa estar sempre se sentindo abarrotado para estar satisfeito. Podemos suportar (e acredite, você pode até desfrutar) um pouco de silêncio, de “não sei”, de simplesmente estar presente sem milhões de planos para o próximo passo, e isso é bom. Mudar a necessidade e a obrigação de estar sempre eufórico e sair bem na foto, caso contrário, a gente nunca vai chegar à colheita. Vai estar sempre correndo atrás do próximo ponto mais alto da montanha-russa, que vai ser sempre seguido de pontos muito baixos – viagem maluca que pode ser uma delícia quando se está no parque de diversões, mas é insustentável quando passa a acontecer no nosso mundo emocional.
Mudar o foco excessivo no externo e observar o mundo interno:
“o que estou precisando
encarar dentro de mim? O que precisa de reparos, mudança e novos ares aqui
dentro? O que estou relutando em encarar e que me faz dar procurar tantas coisas
do lado de fora? Que fome real eu preciso aplacar?”.
Mudar nossa tendência em
encontrar culpados e pontos falhos, passar a enxergar o que há de bom, o que há
de positivo, o que há de potencial. Mudar também o foco excessivo no próprio
umbigo, ver que existem milhões de oportunidades, acontecimentos e vida latente
ao nosso redor.
Mudar a vibração que mantemos em cada situação e ambiente,
escolher o tom, ao invés de ter de sempre recomeçar do zero quando algo não nos
agrada. Experimentar começar de onde está. Mudar a crença de que as coisas vão
lhe abastecer e começar a se responsabilizar por sua energia. Na real não há um
reservatório, você é que precisa gerar sua energia e fazer a manutenção do que
alcançou.
E se, antes de soar o alarme de incêndio, você simplesmente respirasse fundo e se perguntasse, esperando a resposta vir da parte mais profunda de si:
E se, antes de soar o alarme de incêndio, você simplesmente respirasse fundo e se perguntasse, esperando a resposta vir da parte mais profunda de si:
“o que eu
realmente quero e do que preciso agora?”.
Talvez a resposta até seja mudança de
ares, mas aí já não será no ritmo de quem foge de um incêndio, mas sim de alguém
que se prepara para uma jornada. Sem fuga, mas uma decisão de fazer uma
passagem, onde se pode curtir cada passo da caminhada, sem a ânsia pelo pote de
ouro ao final do arco-íris.
Segredo a ser descoberto, que é a ironia de tudo, é que o pote de ouro costuma estar bem mais perto do que a gente imagina. Talvez nem seja bem o pote de ouro a recompensa, e sim o arco-íris ao longo do caminho. Mas a gente se distrai.
Segredo a ser descoberto, que é a ironia de tudo, é que o pote de ouro costuma estar bem mais perto do que a gente imagina. Talvez nem seja bem o pote de ouro a recompensa, e sim o arco-íris ao longo do caminho. Mas a gente se distrai.
(Fonte: Texto de Juliana Garcia, publicado
em Nômades Digitais)
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