terça-feira, 1 de abril de 2014

Acontecimento - Cecília Meirelles

AQUI estou,
junto à tempestade,
chorando como uma criança
que viu que não eram verdade
o seu sonho e a sua esperança.
A chuva bate-me no rosto
e em meus cabelos sopra o vento.
Vão-se desfazendo em desgosto
as formas do meu pensamento.
Chorarei toda a noite, enquanto perpassa o tumulto nos ares,
para não me veres em pranto,
nem saberes, nem perguntares:
«Que foi feito do teu sorriso, que era tão claro e tão perfeito?»
E o meu pobre olhar indeciso não te repetir:
«Que foi feito?»
 
 

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