Conta-se que um rio nasceu no alto de uma enorme
montanha e iniciou a sua jornada.
Foi descendo pela encosta e pouco a pouco foi
crescendo,
aumentando-se de volume. Projetou-se numa
maravilhosa
cachoeira e atingiu o sopé da montanha.
Foi abrindo passagem entre as árvores e pedras,
algumas mais
facilmente, outras com dificuldades.
Admirava-se, ora de sua força, ora de sua habilidade para contornar
obstáculos.
E crescia. Passou por planícies e por áreas ressecadas. Umedeceu-as,
dando-lhes condições de acolher as sementes
para florescerem e darem
frutos.
Matou a sede da terra, de povos, de animais e de
pássaros.
Conheceu outras correntes de água e as reuniu em si,
tornando-se maior e mais fecundo.
Os peixes multiplicavam-se em suas
águas.
Era feliz!
Certo dia porém foi despertado para uma realidade:
seu
caminho seguia, inexoravelmente em direção ao mar.
Chegaria o momento em que iria penetrar nele e,
assim
pensava, desaparecer para sempre.
Pensou num meio de fugir dessa realidade.
Mas não havia
como saltar sobre o mar,
nem tão pouco voltar atrás. Os rios não
voltam.
Ao fazer uma grande curva, avistou o mar. Era enorme,
parecia
não ter fim. Teve medo.
Contudo, percebeu que esse era o seu destino. E,
temeroso,
porém confiante, fez a sua última descida.
Entrou no mar.
Descobriu então a grande verdade:
entrar no mar não
é desaparecer, e sim tornar-se parte dele.
O pequeno rio tornou-se parte do mar.
Junto com tantos
outros rios que haviam chegado
de todos os cantos do
mundo.
Agora ele ja não era só. Era parte de um todo, onde,
de
mãos dadas, todos eram UM.
Desapareceu como rio, renasceu como mar!
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