domingo, 10 de outubro de 2010

Lidando com as perdas

Faço parte um grupo de apoio ao luto do yahoo, vez por outra, discutimos a questão de como estamos lidando com a perda dos nossos entes queridos.
Sempre há alguns participantes que insistem numa receita pronta para lidar com isso, eu sou da opinião que não é dessa forma.
Cada qual carrega em sí uma bagagem cultural, religiosa, até mesmo as próprias experiências vividas, que dão uma tônica, de como a pessoa poderá reagir diante da morte de um filho, de um irmão, pai, mãe, etc..
Na semana passada, conversei com uma amiga católica, que perdeu um filho há 3 anos atrás, de forma trágica, através de um acidente de moto. De lá prá cá, muitas transformações aconteceram na sua vida, em decorrência da luta que ela travou para sobreviver á "catástrofe".
Dessa luta, fazem parte a fé, a perseverança e muito interessante é o papel que os sonhos tem nesse processo. Através deles, ela se viu cuidando do filho após o acidente, rezando e dando remédio e um série de "encontros" foram acontecendo, deixando nela a sensação de que a vida continua, de que o seu filho vem ao encontro dos familiares, e mais que tudo a certeza de que cada encontro trás em sí uma carga afetiva-emocional, que preenche, o vazio que se instalou desde a separação física.
Não é muito diferente para mim que sou espírita a experiencia da morte, já que independente do credo, da religião, da cultura, tive que me deparar com a dor e com as questões inerentes á ela. Por exemplo, o que fazer com os pertences, com as fotos, com o orkut, com as contas, com as questões burocráticas, seguro de vida, o que farei nas festas em família, nos aniversários, no Natal, no Ano Novo?
Alguns se fecham e não conseguem de forma nenhuma lidar com essas questões, outros enfrentam com tamanha coragem, que chego a invejar.Comigo, as coisas foram acontecendo em doses homeopaticas, pois eu não daria conta de resolver tudo de uma vez.Quis me poupar , mas ainda assim foi um processo muito doloroso, mas cada etapa vencida, trazia consigo a "cura" de uma parte da ferida que sangrava.....
Finalizando, acho que não temos nenhuma fórmula pronta, mas precisamos sim processar a dor e para isso teremos mutas vezes que mergular nela, para chorar tudo que ainda resta e que ainda restará para sempre pois a saudade não nos abandonará jamais.

Izabela
(Mãe de Ivana)
Mãe da Saudade

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