quinta-feira, 15 de setembro de 2016

SETEMBRO AMARELO - Viver o Amor pela Vida.


 
 
 
 

Pediram-me que escrevesse algo em prol do combate ao suicídio. No entanto, segundo a lei da atração não é fazendo oposição à guerra que criamos a paz. Sendo assim, ao invés de falar diretamente sobre suicídio eu contarei uma história real de superação de uma família através do Amor pela Vida. 

 

E, para contar essa história é necessário falar sobre meu eterno filho Netinho. Eu gostaria de falar sobre meu filhote de forma que vocês conseguissem sentir toda a alegria, humanidade e carisma dele, mas nem no meu estado de maior plenitude conseguiria tal feito. Netinho sempre foi uma pessoa extremamente cuidadosa com as pessoas e palavras, e sempre muito sereno nos ensinava a paciência. E quando convivemos com almas tão sensíveis e optamos por aprender com os seus exemplos, a nossa transformação é questão de tempo. O fato é que mesmo com toda a serenidade e amor, Netinho exerceu o seu livre arbítrio e tirou a própria vida, como num "Acidente da Razão". Não foi possível naquele momento diminuir a nossa dor, pois a dor da saudade, essa nunca será amenizada, pois quem passou por isso sabe que 04, 05 10 anos, parecem 04, 05 ou 10 dias - nada pode substituir a falta de um filho que não mais podemos "abraçar fisicamente". No coração de mãe, o filho fica eternizado. 

 

Não podemos compreender o que passou pela cabeça do nosso menino. O fato de Netinho ter perdido a fé no mundo de tal modo que decidiu se retirar dele repentinamente, cria dúvidas que talvez nunca possamos responder. Estou tentando não pensar nas condições do passado (ex: o que teria acontecido se), mas sim no caminho que temos a frente e as possibilidades que nos restam. A primeira e mais difícil foi aceitar a opção dele, e respeitá-la. Contraditoriamente, apesar de nós familiares próximos termos reagido de forma mais equilibrada possível, foi muito triste sermos alvo de alguns julgamentos “abafados” ou às escondidas. Algum tempo depois tomamos conhecimento através de parentes e amigos, das palavras irreais que lançaram nos jornais e internet, palavras frias e despreocupadas com o sofrimento de uma mãe e sua família; palavras “criadas” por pessoas que desconheciam um caminho chamado “amor ao próximo”. Muitas pessoas estiveram no velório envolvidos pela curiosidade desumana e criaram os motivos, e até mesmo projetos de vida de um jovem que não conheceram, quando apenas poderiam ter elevado o pensamento ao Alto pedindo forças e coragem para àqueles que ali sofriam. Às vezes é decepcionante a falta de compaixão das pessoas. Eu apenas ficava a pensar que mesmo com tudo que acontece neste mundo, as pessoas não admitem ainda que o ser humano desconhece seus próprios limites. E é exatamente por isso que não temos o direito, nem devemos julgar nada nem ninguém, porque nenhuma história de vida se parece com outra. 

 

Todos sentimos medo em algum instante das nossas vidas. Nosso amado Jesus, o espírito mais puro e iluminado que esteve neste mundo sentiu medo, quando sobre a cruz, Ele dirige esta prece ao seu Pai: -“Meu Deus, Meus Deus, por que me abandonaste? ”(Mt 27, 46; e Salmo 21, 2). Mas os laços de amor são puros e nos ajudam a combater o medo. São os nossos laços de amor eterno que unem pensamentos e nos faz sentir saudade das risadas do nosso menino Netinho, da sua voz, da sua doçura que iluminava os lugares por onde passava, como tochas que iluminam a escuridão, e até a saudade das coisas que viveríamos juntos nesta vida. Nosso Netinho, mesmo na tragédia, despertou nossa alma adormecida. Estamos mais acordados, menos iludidos, e essa é a beleza da vida! A beleza da evolução, que nos impulsiona os passos para a amplitude. 

 

Nosso Netinho estará em nós em cada afago que dermos em uma criança, em cada palavra de esperança que dermos aos nossos velhinhos, em cada verdurinha que cortarmos para a sopa de amor que servirmos. Como nosso Irmão Maior Jesus nos ensinou, o homem faminto caído na rua é meu irmão. Eu estou nele e ele está em mim. A fome dele se cura com a minha solidariedade e, automaticamente, a minha dor vai embora. A criança abandonada é minha irmã. Eu estou nela e ela está em mim. Ela tem fome de afeto, enquanto eu padeço de frigidez espiritual, então quando lhe dou carinho, curo as minhas feridas da alma. O idoso esquecido no abrigo é também meu irmão. Eu estou nele e ele está em mim. Quando lhe faço companhia, curo o meu sentimento e esqueço a minha tristeza. 

 

Hoje é claro que para nós, a nossa jornada (minha e dos meus filhos), na Terra, é curarmos uns aos outros. O nosso egoísmo nos deixa isolados na enfermaria dos nossos sofrimentos. Só o Amor nos coloca no mesmo quarto, na mesma pele e no mesmo pranto, sentindo o que o outro sente. Ser indiferente perante a dor do outro nos levará a experimentarmos a mesma dor que o egoísmo nos insensibilizou o coração. O sofrimento é um processo compulsório de sensibilização amorosa do nosso ser. O projeto é nos tornarmos pessoas cada dia mais amorosas, pois quando amarmos realmente, seremos as pessoas mais felizes do mundo. 

 

Enfim, entre nós, vivem agora, juntas, a névoa da saudade e a luz da esperança. O afeto do nosso Netinho é sempre nosso, e a nossa ternura é sempre sua. Viveremos sempre o nosso amor eterno pois a morte não é o fim, mas apenas breve intervalo. A vida prossegue, tudo prossegue. Jamais questionamos o porquê, mas sim para que tudo isso aconteceu. E ao refletirmos sobre a nossa trajetória, as nossas escolhas mais positivas de hoje só demonstram o acerto em continuar buscando o nosso crescimento espiritual, aceitando nossas provas, por mais dolorosas, entendendo que nossas dores e dificuldades são verdadeiros aprendizados. O mais sagrado remédio para cuidarmos do nosso Netinho, em qualquer dimensão que esteja, é buscar a nossa paz. A nossa resignação e fé transformando nossa saudade em preces de esperança e Amor por todos. Se chorarmos, serão lágrimas de esperança por entendermos que nos reencontraremos um dia, e a nossa saudade sempre se fará oração, porque nunca estaremos distantes, simplesmente porque quem ama vive no ser amado. Portanto, o nosso coração estará com o nosso menino, para sempre. Isso é Viver o Amor pela Vida Eterna.

 

Agradecendo pela paciência de todos em ler o depoimento de uma família sobre o "Amarelo do mês de Setembro".

 

Cris Lantyer e filhos (Luizinho e Lay)
 
 
 
 

 

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