domingo, 12 de setembro de 2010

Ivana

Nos devaneios sobre a minha vida, pensava sempre que Deus não permitiria que eu partisse antes de ver os meus filhos adultos e encaminhados . Jamais passou pela minha cabeça que eu passaria pela experiência de ver uma filha(o) partir antes de mim, invertendo a "ordem natural" de que os pais morrem antes dos filhos.Ledo engano, pura presunção humana, de que temos algum controle sobre a vida.

O céu desabou diante de mim, faltou o chão.Um verdadeiro terremoto se assenhoreou de mim, deixando-me soterrada no meio dos escombros. A vida perdeu a graça, perdeu a cor.Tudo pra mim ficou cor de cinza, tal qual é a paisagem de uma cidade após ser devastada pelo terremoto.

Aos poucos ressurgí das cinzas, feito uma fênix, fui removendo as pedras, a poeira que envolvia os meus olhos, não permitindo que eu visse as cores da vida.

A família, os amigos, o trabalho, a religião, a psicoterapia, foram importantes para que retomasse o meu lugar, o meu papel na vida, não sem um esforço incessante, com muita força de vontade, fui aos poucos reconstruindo a vida, não a mesma vida que tive até Ivana partir, mas uma outra vida que se descortinou diante de mim, fazendo-me enxergar tudo sob um novo prisma.

Mudou a minha perspectiva, pois outros são os meus valores, mais reais, menos ilusórios, adquirí maior compreensão sobre o sentido da vida e em consequência disso, do maior proveito que podemos tirar dela.

A "MORTE NÃO EXISTE", no sentido de que a vida finda num túmulo.

A minha relação com Ivana se aprofundou apesar da "separação "aparente e continuamos o nosso vínculo , alicerçado no amor mais puro que existe nas relações humanas, que é o amor de Mãe e filha(o).

Nos comunicamos através dos sonhos, dos pensamentos, das psicografias e hoje já perçebo a sua presença junto a mim, mesmo com a sutileza do seu novo corpo.

Assim a fé e a esperança foram se fortalecendo dentro de mim, dando-me a certeza de que nada acontece por acaso, ha sempre um fim útil para tudo que nos acontece, mas precisamos ter a sabedoria, para decidirmos o que vamos fazer com isso.

Sei hoje quantas pessoas enfrentam perdas semelhantes e o quão difícil e lenta é a superação da dor que não tem nome, por isso precisamos nos ajudar mutuamente, seja através desse blog, de encontros, conversas, contanto que nos proporcione uma troca enriquecedora de experiências.

Izabela

Nenhum comentário:

Postar um comentário